Com pouco ou muito capital à disposição, os empresários apostam em novas formas de relacionamento, coleta e entrega de pedidos para atrair um tipo de consumidor que enxerga na comodidade um atrativo mais do que suficiente para testar a contratação do serviço.
Ex-presidente da Fototica e responsável por trazer ao Brasil o McDonald’s e a rede Blockbuster, Luiz Mario Bilenk coloca suas credenciais – e parte das próprias economias – no projeto da Limelocker, rede de lavanderias que não conta com lojas físicas, mas com armários verdes instalados em condomínios corporativos, residenciais e centros comerciais.
A solução é dotada de um sistema de fechadura que lembra os cofres de hotéis. O usuário se cadastra no aplicativo da empresa, cria uma senha e deixa a roupa em qualquer um dos armários. Depois é só avisar por e-mail ou SMS o local em que deixou a encomenda, pagar com cartão ou boleto, e voltar para retirar a roupa limpa 48 horas depois.
“A gente acha que é uma oferta para todo mundo”, explica Bilenk, que capricha no discurso de vendedor. “A gente lava cueca, meia, edredom, pano de prato, tudo. Nossa proposta é quebrar paradigmas, quero que olhem para a gente como opção para substituir a máquina de lavar de casa”, diz o empresário. Bilenk instalou no começo de setembro os primeiros armários no edifício Pátio Victor Malzoni, que fica na Avenida Brigadeiro Faria Lima, e espera alcançar até 5 mil pontos de venda com seu produto.
O empreendimento liderado por Bilenk tem mais dois sócios e é chancelado pela Atmosfera, maior rede de lavanderias industriais do Brasil, com quatro mil funcionários e capacidade de processar 300 toneladas de roupa diariamente. Fundada por Luis Ávila e Paulo Barreto, a empresa será responsável pela retirada e entrega das encomendas, além da lavagem. “Nós ficamos com o desenvolvimento da plataforma, a gestão do produto e toda a inteligência. A Atmosfera é responsável por processar todos os pedidos”, conta.
Bilenk não revela o montante investido, embora deixe claro que a aposta é alta. “Investimos pouco no início, mas conseguimos escalar rapidamente. Temos, aí, algumas centenas de milhões de reais”, afirma.
Virtual. Com capacidade de aporte bem inferior, a paulista Ludmila Viana toca em sociedade com o marido uma lavanderia virtual no bairro da Saúde, na capital. Ela aplicou R$ 200 mil na empresa que opera há um ano e meio e fatura cerca de R$ 30 mil mensalmente. “O cliente compra nossos pacotes de serviço pelo site e agenda as retiradas. Eu atendo toda a zona sul e, agora, estudo expandir para o resto da cidade a partir do ano que vem”, conta Ludmila. Para ela, o mercado brasileiro é carente de lavanderias, mas o custo imobiliário dificulta a instalação de novos negócios na área.
“Eu opero com um galpão em um bairro onde o preço do aluguel é possível e, dessa forma, consigo atender clientes do Ipiranga ao Morumbi. A internet propicia isso”, analisa a empreendedora, que trabalha atualmente com um carro para as entregas e quadro composto por apenas cinco funcionários.